quarta-feira, 23 de junho de 2010

Iniciei meu dia hoje, relembrando um dos poetas que me inspiram: Não há quem não se renda à grandiosidade desses versos! Trazem uma reflexão profunda e certa a quem se dispõe a escrever:

Às vezes entre a tormenta

Às vezes entre a tormenta,
quando já umedeceu,
raia uma nesga no céu,
com que a alma se alimenta.

E às vezes entre o torpor
que não é tormenta da alma,
raia uma espécie de calma
que não conhece o langor.

E, quer num quer noutro caso,
como o mal feito está feito,
restam os versos que deito,
vinho no copo do acaso.

Porque verdadeiramente
sentir é tão complicado
que só andando enganado
é que se crê que se sente.

Sofremos? Os versos pecam.
Mentimos? Os versos falham.
E tudo é chuvas que orvalham
folhas caídas que secam.




Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de junho de 2010

No livro das revelações

"A dança dos galhos.
O vento balança as árvores
numa música oculta que me faz compartilhar
do movimento
da exaustão de um suco de laranja.
Compasso intermitente
Reminiscências instigadas
[pela acrimônia transparente dos corpos
sem alma
Sugerem ao guardião dos ponteiros
Aproximar-me os nós
meus, teus, de todos nós
Que, de olhos fechados, seguimos na brincadeira
de tatear a corda
E não vemos o buraco negro, no qual,
embrenhamo-nos aos poucos
Breu que na sua imensidão e profundidade,
faz-me lembrar que sou só...

Vejo todos os elementos químicos fundirem-se na folha
Que acaba de soltar-se da arbórea mão
[e agora flutua na espiral
Vou pendurar minha rede no eixo das coordenadas
e esperar o tempo me esperar

É, ao menos ele sorri para mim
Cinicamente, mas sorri.

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Karine Alves Ribeiro
Poema publicado no espaço SEG do Jornal Metas do dia 11/06/2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Versos Incansáveis - Edson Simon

Palavras impensadas
De tanto dar vazão
Jorram versos
Sem passado e sem razão

Os versos são versáteis
Braços dados com o acaso
Lançam dados incansáveis
Num jogo de verdades

As vezes versos mentem
Não por inteiro
Metáforas acabam sempre
Tornado-os verdadeiros

Edson Simon

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dia dos Namorados

No dia dos namorados lembramos do amor
Amor inocente,
Só de pegar na mão
Amor platônico,
de mal ver o outro e quase morrer de paixão
Amor avassalador
que revolta os coração

É um dia para
quem ri a toa,
fica só “de boa”,
nada o atordoa...
A cabeça na lua
esquece até de comer...
...Tem amor bastante pra sobreviver!

A cidade respira amor
Em todas as vritrines uma flor
E corações de papel
As floriculturas lotadas
Não vai ficar uma só namorada
Sem buquê de rosas
Algumas com sorte,
Um anel

Mas o que emociona mesmo é ver os pombinhos
ao ouvido, falando baixinho
O sorriso inevitável nos lábios da moça
Sinergia que envolve
A todos que vêem
A beleza de um casal enamorado

é anseio
é vontade
é força de atração
Se acaso os olhares se cruzam
aos curiosos, ignoram
Se abraçam e se beijam
no meio da multidão

Emoção,
alegria,
tristeza para quem está só,
até inveja se sente
se o egoísmo for maior
abaixo aos invejosos,
despeitados do amor alheio
Aplausos ao afeto!
Em nossas vidas, o timoreiro!
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Karine Alves Ribeiro

Manual da Sobrevivência



“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e nem promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva-se um certo tempo para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa... Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar. Que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe... Depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida”.

William Shakespeare