sábado, 26 de setembro de 2009

Jornal Metas - Espaço da SEG 26set2009


O Desafio de ser poeta


Como gosto de desafios resolvi ser poeta (afinal, como e quando alguém se torna poeta?). O drama do poeta iniciante é ter uma publicação, pois nos cobram experiência no primeiro emprego. Ultrapassado esse primeiro obstáculo, ainda é necessária a venda dos livros. Livros de poesia não figuram nas listas de compra desse consumismo contemporâneo desenfreado e nem nas listas dos mais vendidos. A maioria dos grandes poetas não conseguiu ver em vida seus nomes tornarem-se referência. Recordo o mais célebre poeta do nosso estado: João da Cruz e Sousa. Além de todos os desafios que são comuns aos poetas ainda teve que enfrentar o preconceito da época, filho de negros alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Aos oito anos, já recitava versos seus, em homenagem a seu protetor. A despeito da sua educação refinada com a morte do seu tutor teve que trabalhar e novos desafios apareceram e iniciava-se sua grande obra.Em 1885 lançou o primeiro livro, “Tropos e Fantasias” em parceria com Virgílio Várzea. Em Fevereiro de 1893, publica “Missal” (prosa poética) e em agosto, “Broquéis” (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Postumamente, foram lançados seus livros “Evocações” (1898), “Faróis” (1900) e “Últimos Sonetos” (1905), em edições organizadas por Nestor Vítor.Em 1893 casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem tem quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a a loucura. Em 1894, foi diagnosticada a tuberculose que o levou para Sítio (MG), na esperança de uma melhora que não aconteceu. Entretanto, a beleza singular de sua obra superou todos os revezes e atravessa muitas portas fechadas, inclusive as do tempo, porque ainda hoje ler Cruz e Souza é um deleite até para o leitor mais inexperiente.Ou seja, as oportunidades podem nos ser negadas muitas vezes, porém o talento é inegável e esse talento nem o tempo, nem os desafios conseguem abafar nossas palavras. Os desafios para os poetas continuam nas suas mais variadas formas, mas não são capazes de cercear nossas palavras nem nos engessar a ponto impedir novas composições:

Herança


Os versos ternos

Debruçados no papel

Podem ter um papel eterno

Para aqueles que lêem

Na mesma sintonia

Que os versos têm

O poeta talvez

Nem tivesse

Tal pretensão


Resignado,

Sabe que não é eterno

Mas seus versos serão.


Edson Simon

Um comentário:

  1. Edson, parabéns pela participação no espaço SEG.

    A primeira coisa que me veio a cabeça quando vi esta foto de você equilibrado encima do monociclo, foi a seguinte frase.

    “A vida de um homem de sucesso, é repleta de metas e força de vontade para atingi-las.”

    Lembro-me de quando você nos falou que havia comprado o tal monociclo. E hoje, estás pedalando livremente sobre uma única roda.

    Desafios a serem vencidos!!! É isso ai! Vamos em frente!

    Espero o ver reconhecido como poeta nacionalmente. E isso, antes que você se vá. Pois suas poesias são ótimas.

    Parabéns!!!!

    ResponderExcluir